Conheci a Letícia no ano de 1995, o ano em que ela
nasceu. Fomos apresentadas ainda em berço. Nossos pais, amigos de algum tempo,
devem ter sentido de Deus que uma grande amizade começaria a partir daquele
momento. Ainda sem muita idade para estarmos na casa uma da outra os nossos encontros se davam em festinhas, cultos, aniversários e em outros lugares onde nossos pais se reuniam. Há pouco tempo recebi uma mensagem via whatsapp da tia Solange (mãe da Lelê) com um vídeo de uma dessas festinhas no qual estávamos eu e a Letícia, ainda bem pequenas, brincando com outros coleguinhas de ciranda. Nesse vídeo eu fazia uma birra gigante porque me jogavam dentro da roda e a Letícia só me olhava fazendo os dramas da vida que faço até hoje (risos).

Minhas memórias com ela
começam ainda criança. Recordo-me das inúmeras vezes em que fomos até a casa uma da outra para brincarmos. Eu tinha dois batons de brinquedo, um na cor vermelha e o
outro verde, e eu e a Letícia sempre queríamos o mesmo (confesso que sempre
brigávamos por isso). Recordo-me dos dias em que minha mãe fazia um bolo que
passamos a chamar de “bolo de açuquinha” por conta da cobertura de água com
açúcar que ela colocava em cima do bolo (nós amávamos tanto). Recordo-me do
teatrinho que assistimos uma vez e que rendeu tanto por causa de uma foto, eu
saí ao lado da bruxa e a Letícia da princesa (eu chorei, como sempre, porque
não queria ter saído ao lado da bruxa. Enquanto isso a Letícia ria muito fazendo questão
de me mostrar que a mão da bruxa estava encostada em mim, e então eu chorava
ainda mais). Lembro-me dos picolés da 4 de maio que a tia Solange comprava no
verão. Lembro-me de ter contado aos pais dela em um dia à noite, enquanto
estávamos juntos após o lanche, sobre a sua primeira paixão do colégio. Lembro-me
dos banhos de piscina, das noites dormindo juntas, dos olhos grudados pela
manhã (risos eterno) do álbum de figurinha, das revistas (Smack, Capricho,
Toda teen, Atrevida) da bolsinha de crochê rosa com florzinha, da bíblia e do
cordão de amigas da Barbie que tivemos iguais. São tantas as recordações que se
eu contasse todas o parágrafo não teria fim.
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O dia do teatrinho. Reparem na mão da bruxa (chorei muito, risos) |
Houve em nossas vidas um dia
que ficou marcado em minha memória. Em uma sexta-feira durante a noite o meu
cachorrinho fugiu. Fomos eu, minha mãe e a Letícia procurá-lo pelas ruas do
nosso bairro. Eu e a Letícia seguimos por uma rua escura e naquele momento
passou uma moto (sabemos que há 10 anos a violência não era como hoje, mas
ainda sim tínhamos medo). Nós duas corremos muito, porém, eu corri mais. De
repente, a ouço gritar: “Amiga, por favor, me ajuda!” Na mesma hora ela
estendeu a mão em minha direção. Eu parei e olhei para trás pensando “Seguro ou
não seguro? Corro ou a carrego comigo?” tudo isso em fração de segundos enquanto o medo
tomava conta de mim. Após segundos de pensamentos parei de correr, estendi a minha mão e segurei a dela. A partir deste momento começamos a correr juntas.
Considero que não somente
neste dia, mas em toda nossa amizade, sempre foi assim. Que sorte a minha
correr a vida ao lado dela e ter a certeza de que nossas mãos nunca se
soltarão. A Letícia é uma das amigas mais incríveis que alguém poderia ter.
Você já a conhece? Não? Gostaria de apresentá-la. Ela é carinhosa e doce, mas
não daquelas que se omitem para agradar, ela sabe a hora e o jeito certo de se
impor. Ela é independente e sabe o valor que tem. Quando não gosta, não gosta
mesmo, e raramente ela muda de opinião sobre isso (principalmente se for sobre
pessoas). Ama os animais, especialmente os gatos (tem 3 filhos: Melissa,
Serena e Thomas). Gosta da comida toda separada (se um dia for almoçar com ela,
não ache estranho se ela separar, por exemplo, todos os grãos de arroz da carne
a fim de não se tocarem). Ama filmes de comédia romântica e romance, livros
também. A família é o seu bem mais preciso (depois de Deus, é claro). É um
pouco introspectiva, preferindo ficar calada na maior parte do tempo mas, se
ela te deu oportunidade de conversar, aproveite. Gosta de perfumes doces e de
chocolate com biscoito oreo. É sensível e sente as coisas com muita
intensidade, portanto, cuidado ao prometer ou dizer algo a ela. É um pouco sedentária e tem certa dificuldade com
esportes e assuntos relacionados, tenha paciência se ela não conseguir pedalar
uma bicicleta ou ser a melhor do seu time de bandeirinha (ela pode ser a
primeira a ser queimada). Não consegue lidar bem com coisas pela metade,
assuntos mal resolvidos e pessoas que não se dão por completo ao que decidiram
fazer. Ao lado dela você terá que ser intenso. A Letícia é uma mistura de
sentimentos que são infinitos e jamais caberiam em todas as páginas que
existem. Mas espero que com esse breve resumo você saiba um pouco como lidar
com ela (afinal, são 21 anos de convivência e amizade).

Hoje é um dia especial na vida dela, o dia em
que tudo será considerado para ela “de aniversário”. Dia de aniversário, céu de
aniversário, pipoca de aniversário, aula de aniversário, roupa de aniversário,
comida de aniversário... Eu falei que ela é intensa, o dia é comemorado com muita
intensidade e será contado por ela mesma com alegria cada segundo e com
tristeza nos minutos finais. Hoje gostaria de homenageá-la com esse texto (que
poderia ter sido muito maior dado a quantidade de histórias e sentimentos que
construímos juntas, mas que preferi que ficasse um pouco resumido). Queria só
que ela, e todos vocês, soubessem o porquê a considero minha melhor amiga e
como a amo.
Letícia, que esse novo ano de
vida que se inicia seja infinitamente mais maravilhoso do que todos os que você
já viveu. Que todas as bênçãos, felicidades, realizações e conquistas possam
andar junto de ti. Que todos tenham o privilégio e a sorte que um dia eu tive
em tê-la como minha amiga. Não preciso mais dizer o quanto amo você e o quanto
te quero bem. Esta é uma forma de deixar registrado para sempre minha
admiração, carinho e afeto por você. Seja feliz, ao meu lado, é claro (risos).
Vá viver este dia com a mesma intensidade que você é.
Com amor,
Laís.