terça-feira, 5 de julho de 2016

A simplicidade de um sofá.

Semana passada estava no trabalho envolta em meus pensamentos, aqueles que os adultos tem para dar e vender. A grande maioria são coisas que ainda nem aconteceram e, muito provavelmente, nem acontecerão. Mas, adulto é mesmo assim, sofre por antecedência e, se não tem nenhum problema, inventa algum. O sonho de toda criança é se tornar "gente grande", se elas soubessem como os adultos desejam voltar a ser como elas.

Enquanto estava perdida nos meus pensamentos, avistei uma criança entrar com a mãe e uma menina que possivelmente era a sua irmã. A mãe e a irmã estavam bem ocupadas, subiram as escadas do local onde trabalho procurando logo achar o que queriam encontrar ali, algo para alguma ocasião especial - acredito eu -. A criança não, como num passe de mágica ela terminou de subir as escadas e saiu correndo em direção ao sofá que havia por perto e, sem nenhuma preocupação ou pudor do que poderiam pensar, se esparramou por ali mesmo com uma carinha de felicidade como de alguém que encontrou um tesouro. Nessa hora ela sorriu sozinha e me olhou. Um olhar de tranquilidade, serenidade, como se dissesse: "Nossa, esse lugar era tudo o que eu queria". 

Naquela hora eu captei a mensagem nas entrelinhas daquele acontecimento que, de tão simples, poderia nem ser notado. Como é mais fácil ser mais feliz quando se vive realmente o presente, quando não se cria expectativas sobre a vida e apenas se permite surpreender com o que virá adiante. A menininha não esperava por um sofá ao qual ela poderia se jogar enquanto aguardava a mãe e a irmã, mas ele estava lá. Crianças costumam viver sem muitas preocupações porque não pensam tanto no futuro para criar exageradas expectativas, isso permite com que elas sejam e estejam mais facilmente felizes; elas até sonham com o futuro - como todos nós - mas, de uma forma geral, estão mais presentes no presente. Quando se espera demais de algo, ou se vive demais com a cabeça no futuro, esquecemos de viver o que está acontecendo no agora. Acabamos não nos dando conta de que talvez o que estamos recebendo seja melhor do que aquilo que esperávamos - ainda que não seja muito bem o que planejávamos -.

Muitas das inquietudes da vida adulta são provenientes de uma vida pautada no amanhã e esquecida no hoje. Esperamos demais e isso não nos permite desfrutar de coisas mais simples. Tomara que um dia a gente entenda que só temos o segundo que se passa agora e paremos de projetar nossa vida toda em coisas que ainda nem aconteceram. A serenidade e tranquilidade que pairava no olhar daquela criança só vem até nós ao descansarmos no presente e o vivermos da forma mais real possível. Portanto, eu desejo que sejamos sempre como crianças, transbordando simplicidade, paz, alegria... Encontrando felicidade nas coisas inesperadas da nossa existência, encontrando alegria em coisas como um simples, velho e confortável sofá.

Grande Beijo.

Laís Nascimento.